“Talvez o que ela sentia não fosse o mesmo que eu sentia.” Pensou ele, tentando desculpá-la. Amava-a. Sempre o tinha feito. A dor não ia apagar aquele sentimento. Questionava-se se alguma coisa o iria conseguir.
Aproximava-se da clareira. A luz brilhante da lua era agora visível e reflectia-se nas folhas das árvores, nos rasteiros arbustos.
A clareira circular estava triste. Tinha perdido toda a sua luz.
Tal como ele.
Da última vez que ali estivera, ela estava com ele.
Sentiu-se só. Perdido.
Ela beijara-o. Ele sentiu as lágrimas salgadas que corriam dos olhos dela, forçadas pela notícia da sua partida.
Quis arrancar aquele vazio do seu peito.
Sentou-se nos meio das raízes de uma grande árvore, marcada pelo tempo, na fronteira da clareira. Deixou-se invadir pela saudade. Esqueceu os maus momentos. Aquele lugar fazia-o lembrar-se dela. Sentia-se perto dela de alguma forma. Recordou o que tinham vivido juntos e riu-se sozinho. Limpou as lágrimas e riu-se.
Quase sentia a presença dela ali com ele. Como se as memórias ganhassem e através da sua gargalhada ela ganhasse forma.
Suspirou. E sentiu o vazio no peito a consumi-lo.
“Lamento.”
Era a sua voz. Num sussurro carregado de culpa e arrependimento. De entre as árvores ela apareceu, em toda a simplicidade que ele sempre tinha adorado e sentou-se junto dele de olhos postos no chão.
E o vazio no seu peito desvaneceu-se e ele sorriu.